O justo conhece a causa dos
fracos, mas o ímpio não tem a inteligência de reconhecê-la. (Pr 29,7)
O
que se vê nestas fotos de Araquém Alcântara – compiladas no livro Branco Vivo, que ele fez em conjunto com Antonio Lino – é algo muito simples,
porém muito emblemático nestes tempos duros que vivemos: empatia.
Pura
e simples empatia.
Este
sentimento é uma coisa que o Papador de alfafa e seus seguidores (tão
desumanizados quanto o führer de opereta
que seguem) não têm ideia do que seja.
Alguns
possivelmente até a tiveram algum dia, mas se deixaram degradar, se deixaram
corromper, se deixaram conspurcar, e hoje não tem absolutamente nenhum
constrangimento em estarem do lado de um sujeito que é saudado até por líder da
Ku Klux Klan.
Os
seguidores do leproso por dentro, tão íntegros quanto seu líder, se deixaram seduzir
pelo discurso fascista que insensibiliza, descaracteriza, desumaniza. Jamais conseguirão
sentir a dor destes compatriotas nossos que necessitavam dramaticamente do auxílio
prestado pelos médicos cubanos e que agora o perderam por causa da insanidade
de seu escolhido, jamais se identificarão com fotos como essas, claro – muito
menos com o que elas representam no auxílio a seres humanos tão desvalidos, tão
necessitados como os aqui mostrados. Assim como seu capataz, eles não nutrem
absolutamente nenhuma empatia, não tem capacidade emocional alguma de se
solidarizarem com seus iguais, não tem nenhuma condição de se colocarem no lugar
do próximo. Para eles, exemplos como os aqui mostrados não significam nada, absolutamente
nada.
Ao
se depararem com a saída dos médicos cubanos por conta das atitudes insensatas,
tresloucadas e desumanizadas de quem escolheram, os bolsominions poderiam parar
e reconhecer a tragédia que cometeram ao eleger um completo despreparado, um
sujeito que não tem condição emocional e intelectual para ser sequer um
vereador. Mas não. Eles já cruzaram o Rubicão do desamor e de qualquer vestígio
de integridade racional. Mesmo vendo uma tragédia humanitária dessas,
chafurdados em sua podridão moral e intelectiva, os seguidores de Bolsonazi não
conseguem reconhecer o erro que cometeram, não conseguem sentir a dor do
próximo – e pior, como não tem a grandeza moral de reconhecer o absurdo que
perpetraram, ainda tentam arrumar alguma desculpa infame que justifique uma atrocidade
dessas. Em última instância, expostos a realidade dura que este führer tupiniquim nos trouxe, só
conseguem dizer que as reclamações contra esta ignomínia são “mimimi”, e recomendar
aos que protestam que “cholem mais”. A estes camisas pardas, só restam mesmo estes
relinchos. Há algo que faz com que os corações daqueles que o seguem apodreçam –
mas eles fingem não perceber.
O
que os médicos cubanos, profissionais competentes, engajados e – especialmente – humanos, levavam a estes
rincões era algo que não têm valor. Não pode ser mensurado, porque se trata da
própria vida humana.
Basta
ver as fotos e reconhecer que as pessoas não terem mais acesso ao já limitado atendimento
médico que tinham, de fato, é de enternecer qualquer um que tenha o mínimo de
empatia pelo ser humano.
Como
bem disse José Saramago, se tens um
coração de ferro, bom proveito. O meu, fizeram-no de carne e sangra todo dia.
Mas
não é este o caso do presidente eleito e (ao menos boa parte) de seus
seguidores. Se estas fotos não dizem nada a eles, por outro lado, se
identificarão, se sentirão representados com o Papador de alfafa fazendo armas
com os dedos das mãos – isto ainda embebido com aquele sorriso descarado, em
que o despudor e o cinismo abundam como o hidrogênio no universo.
Particularmente,
preferimos ficar com outra ordem de seres humanos, aqueles que possuem empatia,
como os das fotografias aqui postadas – tanto os que atendem quanto os que são atendidos.
Elas
evidenciam, de maneira cristalina, como é bom ter lado na vida.
Em
um discurso que tenta amenizar as discordâncias, eventualmente algumas pessoas dizem
que as divergências políticas são uma espécie de casca que nos faz divergir,
mas no fundo queremos as mesmas coisas – só que por caminhos diversos.
Esta
é uma falácia brutal.
Definitivamente,
não queremos as mesmas coisas que Bolsonazi e seus seguidores. Muito, mas muito
ao contrário. Em um contexto tão cristalino quanto este, dizer que queremos o
mesmo chega a ser até mesmo uma ofensa.
Que
os seguidores do Papador de alfafa fiquem com a arrogância, o despreparo, a
desumanização – e, claro, com as arminhas nos dedos e o sorriso cínico.
Nós
ficamos com pessoas que têm capacidade de sentir empatia, que têm capacidade de
se colocar no lugar do próximo – como estes médicos solidários, humanos, cientes
de sua missão e do que ela representa na vida de outras pessoas.
Nós
não temos semelhança alguma com Bolsonazi e seus seguidores fanáticos. Estamos de
outro lado. Somos diferentes.
E
isto é irremediável.