sábado, 10 de setembro de 2016

Sobre o que é acidente e o que não é




     Assistindo aos dois vídeos, pode-se chegar a conclusões bem precisas.
     Um jovem colocou um rojão no chão (veja bem que se trata de um artefato muito menos perigoso do que a arma disparada pelo policial), que infelizmente subiu e explodiu exatamente quando passou perto da cabeça do cinegrafista, vindo a matá-lo. O vídeo não mostra, mas os manifestantes de imediato foram prestar socorro a vítima – algo bem diferente do que os policiais fizeram.
     Dois manifestantes foram presos por conta da morte do cinegrafista. Um, por ter acendido o rojão. Nunca ficou claro pra mim qual seria a causa desta prisão. Acender um rojão não pode ser crime. Quem direcionou-o para um local inapropriado pode ter cometido um crime. Já quem o acendeu, de forma alguma o fez.

      O jovem que acendeu o rojão, bem como o que o pôs no chão e infelizmente ocasionou este acidente trágico, foram acusados pelo MP (órgão que mais parece um cão a colher os ossos que a imprensa lança) de homicídio triplamente qualificado. Apenas para que se compare, os homicídios triplamente qualificados no Brasil foram o do caso Nardoni, da Eliza Samudio ou da Suzane von Richthofen. Casos bárbaros, que nem se comparam ao descrito aqui. Foi uma morte, trágica como sempre para um trabalhador que esta exercendo seu ofício, porém, é óbvio que se tratou de um acidente. Basta avaliar serenamente os fatos.
     Eu já estive em inúmeras festas (especialmente juninas), que lançaram rojões no meio da multidão. Nunca aconteceu nada demais onde estive, os dois casos que ouvi falar foram justamente este e mais um, do rojão lançado da torcida do Corinthians sobre a torcida do San Jose num jogo na Bolívia pela Copa Libertadores da América.

     Agora podemos confrontar o que este jovem fez (aqui escrevo mais sobre ele), o erro que cometeu, o acidente fatal pelo qual é responsável, ao que o policial faz.
     Reparem que o policial esta, desde o início, sedento, desesperado para arrumar algum tipo de álibi, para descarregar sua sanha fascista.
    É só um criminoso, um reles bandido que porta farda.
    Por acaso, o resultado foi diferente entre as duas ações foi diferente, já que balas de borracha a curta distância podem matar, cegar, etc
     O de um rojão colocado no chão acabou em morte. O de um ataque brutal, um tiro a queima-roupa disparado por um covarde, não. 

    Eles deveriam ser tratados diferentemente porque são casos diferentes. Um, homicídio culposo. O outro, tentativa de homicídio.
    Mas serão tratados de formas distintas por outros motivos.
     Uma lástima.


P.S.: São muitas opções, mas para ver outro caso, há este gif.

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