quinta-feira, 10 de outubro de 2013

Vice-líder do PT na Câmara ataca governo Dilma: “Nunca pensamos que chegaríamos a uma situação como essa” – por Roldão Arruda (Estadão)

Vice-líder do PT na Câmara ataca governo Dilma: “Nunca pensamos que chegaríamos a uma situação como essa”

A lentidão nos processos de desapropriação de terras para a reforma agrária está tornando insustentável a situação dos sem-terra no País. A avaliação é do deputado baiano Valmir Assunção, vice-líder do PT na Câmara. Para o parlamentar, a forma como a presidente Dilma Rousseff conduz a reforma contradiz a história do partido.

“Na nossa história nunca pensamos, qualquer militante de esquerda ou de movimento social, que chegaríamos a uma situação como essa, em um processo de reforma agrária num governo do PT”, afirmou o deputado, que é agricultor e militante do Movimento dos Sem-Terra (MST).

Em e-mail enviado ao repórter, comentando matéria publicada no domingo pelo Estado, com a revelação de que Dilma não assinou nenhum decreto de desapropriação de terras neste ano, ele observa: “Enquanto isso os conflitos decorrentes da concentração de terra continuam a imperar no campo brasileiro. São mortes e disputas que o governo precisa dar respostas, com a democratização da terra.”

Na mensagem, o deputado petista também contesta informações dadas ao Estado pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) sobre o número de assentamentos efetuados em 2012. Segundo declarações do presidente da instituição, Carlos de Guedes, foram assentadas 23 mil famílias. O número real, porém, segundo Assunção, é três vezes menor: “Em 2012, foram assentadas, somente, 7.318 mil novas famílias. É o índice mais baixo de toda a história do Brasil”.

A principal causa da diferença se deve a critérios de contagem. Para o deputado devem ser contabilizadas apenas famílias assentadas em novas áreas da reforma agrária – o que seria o melhor indicador para redistribuição de terras. O Incra, no entanto, soma também as famílias enviadas para lotes abandonados em assentamentos antigos.

Assunção revela que, por causa do baixo desempenho, o governo utilizou apenas 33% do total do orçamento destinado a ações de Cadastro, Seleção e Homologação de Famílias Beneficiadas do Programa de Reforma Agrária. Em relação ao Crédito de Instalação, o resultado foi pior: somente 15,3% do total dos recursos saíram dos cofres. “Isso significa que, de uma meta de R$ 741,5 milhões, foram pagos somente R$ 113 milhões”, diz.

O deputado contesta ainda as declarações do presidente do Incra de que o governo estaria mais preocupado com o desenvolvimento dos assentamentos já existentes. “A obtenção de terras é o marco zero de qualquer política de reforma agrária, sendo prioritária a execução máxima dos recursos destinados e sua gerência melhorada”, diz. “Infelizmente, não é isto que está acontecendo.”

O deputado também tratou do assunto em pronunciamento feito nesta terça-feira, 8, na Câmara. Ele mencionou a informação publicada pelo Estado de que, “do ponto de vista da redistribuição de terras, 2013 pode ser o pior ano da reforma agrária desde o início do período da redemocratização, em 1985″.


Comentário

Daí o governo diz assim: estamos mais focados nos já assentados. É a mentira (quase) perfeita. Permanece o Brasil sendo um imenso latifúndio, a terra concentrada, e passamos a produzir cada vez mais grãos ao invés de comida (que, por conseguinte, fica mais cara – basta ver o susto do tomate no início deste ano, por exemplo). E isto, é sempre bom frisar, num governo do PT.


Era melhor que nomeassem logo o Raul Jungmann como ministro, e o governo assumisse logo que não possui nenhum interesse em realizar a reforma agrária, mas apenas dar mundos e fundos e tudo o mais para o agronegócio. Ao menos seria um discurso mais íntegro e coerente.



Então, o governo Dilma esta assim: por um lado, graves problemas nas obras de infra-estrutura:  nas estradas (as que andam são via privatização), nos aeroportos (para citar um exemplo, basta ver o indesculpável atraso do aeroporto de Vitória, uma absoluta vergonha), o tanto de problemas no PAC do saneamento, a interminável transposição do rio São Francisco, etc., eu questiono amargamente a tal capacidade de gestão atribuída a presidente Dilma.


Tudo bem que estes problemas elencados no artigo acontecessem assim que o atual governo tivesse assumido o poder, já que Collor e FHC, de fato arrasaram o estado brasileiro. A questão é que o PT não assumiu agora – e sim há onze anos. Não dá pra culpar outrem, não dá pra se escusar tamanha incompetência. Já deu.


Por outro lado, no quesito ideológico, temos o leilão do campo de libra, o PL 4330, a reforma agrária paralisada, etc.


O governo Dilma, pela ótica da gestão, vai mal. Pelo lado ideológico, pior ainda. Se a ela não vir a ser reeleita, terá bem feito por onde.

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