sexta-feira, 11 de maio de 2012

Oposição tupiniquim

O blog de humor G17 publicou a seguinte paródia:

Dilma pede e Banco Central coloca em circulação notas com a frase "Lula seja louvado"
Banco Central colocou em circulação nesta segunda-feira (7) notas de real com a frase "Lula seja louvado". De acordo com o BC, a mudança foi um pedido da Presidente Dilma Rousseff, que quis homenagear o ex-presidente Lula.
Segundo informações da Assessoria de Dilma, no Palácio do Planalto, a frase "Deus seja louvado" estava provocando confusão e atrito entre religiosos e Ateus. "Nem Deus, nem Zeus, nem Goku nem Galileu, coloquem o nome do Lula", teria dito a Presidente Dilma, para encerrar a confusão.
A mudança nas cédulas de real, com a frase "Lula seja louvado" está sendo feita aos poucos pelo Banco Central. A expectativa do BC é que, até o final do ano, todas as notas estejam com o nome de Lula.

Pois então, o impávido colosso deputado ex-comunista (terá algum dia sido, de fato?) Roberto Freire, consegue realizar a proeza de acreditar na matéria, a critica e a republica em seu twitter:

RT @freire_roberto Isso é uma ignomínia! Dilma pede e B.C (sic) coloca em circulação notas com a frase "Lula seja louvado "http://www.g17.com.br/noticia/politica/dilma-pede-e-banco-central-coloca-em-circulacao-notas-com-a-frase-lula-seja-louvado.html

Bem, realmente não há como negar que a oposição brasileira é mais do que lamentável. Supô-la ruim seria um elogio, a nossa oposição, infelizmente, é uma tragédia. Esta trupe de partidos enquanto era governo foi lamentável, e conseguiu a proeza de piorar enquanto oposição.
Vejamos, para nos atermos aos próceres:

Arthur Virgílio Neto, Heráclito Fortes, Tasso Jereissati, Marco Maciel, César Maia, Mão Santa, e outros mais, que tanto e tanto espaço tiveram na mídia para atacar o governo (chegando um destes a cometer o despautério de ameaçar fisicamente o presidente da república – e, cúmulo da hipocrisia, muitos analistas ainda dizendo que a oposição pela oposição quem fazia era o PT), sequer conseguiram se reeleger, portanto, me escusarei de comentar sobre eles – o eleitor já o fez.

Roberto Freire é mais um dos exemplos crassos do que a oposição chama de “aparelhamento da máquina pública”, que é a nomeação de apaniguados para cargos no governo. Bob Freire sempre conta com uma boquinha em governos tucanos. Como se não bastasse a falta de coerência ideológica histórica, de abandono de seus ideais em nome de benesses financeiras (não dava para “aparelhar” a máquina publica tucana sendo comunista), ainda consegue a proeza de se dizer socialista enquanto se alia ao DEM, representante-mor do fascismo brasileiro. Vez ou outra manda uma pérola como a do twitter... Já escrevi que poucas pessoas são tão nocivas a esquerda quanto os ex-comunistas. Bem, neste caso, nem tanto, pois sua incapacidade intelectual o impede de ocasionar maiores danos.

José Agripino Maia, prefeito “biônico” nomeado pela ditadura (aí já começamos a ver a estatura moral do sujeito), responde a diversas acusações de corrupção – desde os primórdios de sua vida eleitoral, no escândalo “rabo-de-palha”. A revista Caros Amigos fez uma bela reportagem sobre a vida pregressa deste prócer defensor da democracia nativa. Atualmente é presidente do DEM, partido que se desidrata a olhos vistos.

José Serra (PSDB), candidato a prefeitura de São Paulo, tem como pupilo na própria prefeitura seu filhote Gilberto Kassab (PSD) que, muito mais preocupado com a criação de partido político do que em administrar a cidade (também convenhamos, ficar no navio “DEM” que tá afundando a olhos vistos é uma covardia), faz um péssimo mandato – a despeito de todo o apoio que a mídia paulista lhe dá, sua administração é muito mau avaliada pela população.
Nas eleições municipais que se aproximam poderemos ver um fato curioso: conseguirá o Almirante do Tietê, José Serra, provar que a administração Kassab é muito boa (já que grande parte do secretariado foi nomeado por ele), ou, tentará se desvencilhar do desmando administrativo que São Paulo sofre – e pelo qual é co-responsável?
Como se não bastasse, já sabemos muito do ex-futuro presidente Serra: defensor de políticas econômicas desenvolvimentistas para fora, quando no governo é o que de mais neoliberal há – defensor e feitor de privatizações, autor, como ministro do planejamento do PROER (uma forma bem singular de dar dinheiro a banqueiros), por exemplo. Serra chegou ao cúmulo de aumentar a carga tributária no meio da crise de 2009, aproveitando de subsídio que o governo federal implementava justamente par aplacar os efeitos da crise. Isto é que é desenvolvimentista...
O Barão de Pindamonhangaba é um notório feitor de dossiês contra adversários – mesmo que do próprio partido – além de ser o receptáculo de grampos, oriundos de seu capitão-do-mato Marcelo Itagiba (personagem bem retratado no filme tropa de elite 2). Personagem detestado mesmo dentro da direita, Serra não tem pudores em ligar para donos de jornais pedindo a cabeça de jornalistas que lhe são desfavoráveis (isentos). Na última campanha eleitoral conseguiu feitos incríveis: trazer um conservadorismo religioso inaudito nas eleições presidenciais brasileiras, inventar o escândalo da “bolinha de papel” (mais ridículo que a histórica edição manipulada do debate de Collor X Lula em 1989), dentre outros feitos menores – como o de se postar como grande administrador e, simultaneamente passar anos (eu disse anos) sem dirigir palavra a secretário de estado que era seu subordinado direto.

Por fim, Aécio Neves, também conhecido como Aécio Never. Nos três primeiros meses como governador mineiro foi considerado o terceiro pior governador do Brasil em pesquisa realizada à época. Aí resolveu reagir. Como não veste a camisa de algoz como Serra, deixou para a irmã, Andréia Neves, fazer o serviço sujo e caçar os jornalistas isentos. A imprensa isenta mineira foi devastada, quem tinha comportamento isento foi demitido, e Aécio passou a reinar na paz dos matadouros abandonados. Sempre foi mais preocupado com a vida noturna do Rio de Janeiro do que em governar Minas, mas isto importa menos, claro.
Como se não bastasse o pouco apreço a verdadeira democracia na imprensa, Aécio ainda consegue, num país em que dezenas de milhares de pessoas morrem anualmente em acidentes de trânsito (sendo em vários anos a primeira causa de mortes no Brasil) dar o péssimo exemplo de beber e ir dirigir – e, por isso, se recusar a fazer o teste do bafômetro. Como é consabido, Aécio não passa de um playboy (chegando a ser acusado por um ghost-writer de José Serra, no Estadão, até de ser cheirador de pó), mais preocupado em curtir a vida do que em exercer seu papel de homem público. Sobre Aécio ainda pesam suspeitas a respeito de uma rádio muito estranha, com patrimônio desproporcional aos seus rendimentos.

Este é o resumo da nata da oposição - imagine o "baixo clero".
O que me deixa chateado, no fim das contas, não são só as denúncias de corrupção que pesam contra seus membros, o golpismo, ou a desqualificação da política. O que acredito ser o pior para o país é a falta de formulação. A oposição não pensa o país, não reflete, não arquiteta, em resumo, não faz nada, exceto se opor, mas não se opor ancorada em ideias - o que seria salutar -, muito ao contrário. Se opõe baseada num moralismo fútil e, na grande maioria das vezes hipócrita, como o exemplo notório de Demóstenes Torres.

Como o governo tem que lidar com as urgências, com as fogueiras diárias, várias vezes falta uma visão de médio e longo prazo em sua atuação (a despeito do ministério criado no governo Lula justamente para tratar disto). A oposição poderia contribuir com o país criticando, propondo, formulando, debatendo, apontando as melhorias que podem ser feitas...
Porém, todos os avanços perpetrados pelo governo Lula e Dilma se deram apesar da oposição e não por causa dela.
Vejamos: aumento drástico das políticas sociais e educacionais, e do salário mínimo, marcas notórias do governo Lula, não ocorreram sob pressão da oposição, ao contrário. As políticas sociais foram constantemente combatidas, sob o pretexto fajuto do aumento dos gastos públicos (parece até que este é o maior problema do Brasil...). O próprio programa bolsa-família, um bálsamo para dezenas de milhões de pessoas, foi tratado seguidamente como eleitoreiro, bolsa-esmola, como inútil, estimulador da preguiça, etc. Supostamente, não resolveria o problema da pobreza no país... entretanto, a evolução da renda dos mais pobres, as mais de 40 milhões de pessoas que saíram da linha da pobreza, provam exatamente o contrário. A oposição estava errada, num tema em que não se pode errar, pois se trata da fome, da vida no que há de mais elementar para as pessoas.
Sobre as políticas educacionais (Pró-uni, Reuni, Fundeb, etc.), não só as boas iniciativas não contaram com apoio da oposição, como inúmeras vezes até entraram na justiça para combatê-las.
Já no governo Dilma, ideias como a do fundo de pensão para funcionários públicos, ou a nova taxa de remuneração da poupança – que permitirá que a taxa de juros caia para níveis civilizados – ocorrem sempre apesar da oposição. A própria alteração na remuneração da poupança, por exemplo, algo fundamental para o futuro do país, não só teve a oposição de seres como o próprio Roberto Freire: ele ainda foi a televisão insinuar que o governo tomaria o dinheiro dos poupadores, como Collor. É muita irresponsabilidade, muita falta de compreensão da própria grandeza do Brasil e do momento histórico que vivemos.
Infelizmente, creio que grande parte desta pequenez e desta irresponsabilidade é vitaminada pela imprensa marrom, que estimula este tipo de comportamento udenista, pseudo-moralista (moralismo, claro, com a seletividade de sempre: denúncias como a da privataria tucana, a operação castelo de areia, a lista de Furnas, o caso Alston, ou contra Daniel Dantas são claramente silenciadas).

Antes de finalizar, pra não dizer que a oposição não formula nada: propuseram as privatizações dos bancos públicos – especialmente o BNDES. Desta forma, segundo alguns de seus próceres, os juros cairiam (?).
É uma lástima, não é mesmo?

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