segunda-feira, 13 de junho de 2011

Para entender o criminoso da USP – por Leandro C (Blog do Nassif)

Vamos pensar fora da caixa.
O caso do aluno da USP gerou clamor público, precisavam dar uma resposta, encontrar o culpado, ou criar um.
Uma investigação como essa, considerando que não foram encontradas provas definitivas, baseia-se na chamada caguetagem, ou seja informações de pessoas que estão no meio criminoso ou próximo.
Para forçar a caguetagem a polícia impede temporariamente o comércio de drogas nos pontos próximos ao crime, forçando os criminosos a entregarem o procurado do momento.
O crime em São Paulo é controlado pelo PCC, que não existe segundo o governo.
Essa organização segue regras e estrutura hierárquica inspirada na máfia calabresa.
Nenhum criminoso opera sem sua permissão, também chamada de proteção, garantida através de parte do arrecadamento dos crimes.
Em contrapartida, entre outros apoios, o criminoso tem apoio jurídico e financeiro quando necessário.
Neste caso, surpreende um criminoso primário se entregar sem ter sido citado, com um advogado que já teve o seu nome vinculado ao PCC, utilizam a necessidade como justificativa e incluindo sentimentalismo, no caso pena da deficiente não assaltada, ou seja, uma estória montada, um script.
A USP pode não ser um exemplo de segurança, mas é mais segura que muitos bairros.
É freqüentada pela classe media e alta. Ele fala demais, não se controla, ri, passa a impressão de noia, seria facilmente identificado no campus.
Não foi por culpa ou remorso que ele se entregou. Também não foi a crença na impunidade, uma hora ou outra iria preso, além de não aparentar conhecimento ou capacidade financeira para enfrentar um processo criminal.
Um criminoso respeitado, leia-se lucrativo, nunca seria queimado dessa maneira pela organização, iria para outro estado, trocaria de identidade, enfim seria protegido e continuaria a operar.
As contas nesse meio costumam ser caras, não é raro usuários inadimplentes assumirem crimes como forma de quitação, comum também na máfia. O advogado é enviado para assegurar que a estória seja realista.
Uma artimanha que satisfaz a opinião pública e não atinge o crime organizado.
Não surpreende a manifestação do advogado, pode até ter razão, em São Paulo a criminalidade é profissional e discreta, não chamam a atenção, não anda com AR 15 na rua, afastam a imprensa solucionando os crimes com repercussão.
A administração do PCC é mais competente do que muita empresa, já controlam bairros inteiros e algumas ruas em bairros nobres, os pontos de tráfico funcionam como franquias, tem serviços de locação de armas, entre outros. E para tudo isso funcionar é necessário funcionários, muitos funcionários, nada mais natural que a empresa tenha um código de conduta e que se dirijam uns aos outros como profissionais.

Comentário
De fato, eu não estava conseguindo compreender o porquê do meliante se entregar a polícia, já que ela não possuía sequer suspeito.
O artigo é bastante elucidativo.
A sorte de São Paulo é que para o mundo fantástico da grande imprensa paulista, o PCC não existe, posto que a eficiente jestão do PSDB em São Paulo (irrisórios 20 anos no poder) deu conta de exterminá-lo (utilizemos esta palavra fanática, tão ao gosto da direita).
Daí estas coisas que acontecem, como este bandido se entregar assim, do nada, deve ser por culpa e arrependimento, Jesus deve ter tocado seu coração (quem viu as imagens do rapaz sabe do que estou falando).

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