domingo, 24 de outubro de 2010

Alerta de quem é do ramo: a armação que pode vir nos dias finais de campanha – por Luiz Carlos Azenha

O alerta é de um jornalista experiente, com amplos contatos na comunidade de informações, com arapongas e ex-arapongas.
Não nasce de um evento específico, mas de um encadeamento lógico de fatos: a campanha sórdida e subterrânea na internet, os panfletos apócrifos, as chamadas por robôs e a farsa de Campo Grande, onde o único ferido — realmente ferido — foi um militante petista com um corte no supercílio (que não apareceu no Jornal Nacional).
Vem da repetição de um padrão no telejornal de maior audiência: Dilma, agressiva; Serra, vítima. Um padrão que se manteve na noite deste sábado, quando a Globo omitiu o discurso do governador paulista Alberto Goldman em que ele sugeriu uma comparação entre Lula e Hitler (com menção ao incêndio do Reichstag), omitiu que militantes de PT fizeram um cordão de isolamento para que uma passeata tucana avançasse em Diadema e destacou o uso, por eleitores de Serra, de capacetes para se “proteger” das bolinhas de papel.
O colega, em seu exercício de futurologia, mencionou o Rio de Janeiro como o mais provável palco de uma armação, por dois motivos:
1) é onde fica a Globo;
2) é onde subsiste a arapongagem direitista.
Como lembrei neste espaço, anteriormente, foi assim o golpe midiático perpetrado em 2002, na Venezuela, retratado nos documentários A Revolução Não Será Televisionada e Puente LLaguno.
Parte essencial daquele golpe, que juntou militares insatisfeitos com a oposição em pânico e apoio maciço da mídia, foi a acusação de que militantes chavistas tinham atirado em civis desarmados, quando as 19 mortes registradas num confronto entre militantes das duas partes resultaram de tiros disparados por franco-atiradores e policiais de Caracas leais à oposição. Porém, foram semanas até que tudo ficasse claro para boa parte dos venezuelanos e para a opinião pública internacional.
O Brasil de 2010 não é a Venezuela de 2002, mas não custa ficar alerta.

Comentário

Tentei assistir ao jornal nacional neste segundo turno, mas nem sempre o consegui, e quando o fiz, foi tarefa árdua suportar até o final.
Quinta-feira, mesmo, foi o suprassumo da imbecilidade: José Serra não foi “agredido” por uma bolinha de papel. Foi por uma fita adesiva. Ah sim, agora, realmente, não dá pra saber como ele não veio a morrer com tal impacto.

Neste mesmo jornaleco, sábado passado só havia flores no programa. Julguei que fosse uma tentativa de esconder o fato de o tal dossiê do jornalista Amaury Ribeiro Jr. ter tido efeito igual ao da bomba do Riocentro, estourado no colo dos seus donos – no caso, o PSDB.
A ironia interessante é que este partido possui entre suas hostes todos os saudosos do regime daquela época.

Voltando ao assunto (não consigo controlar minhas digressões), pensei cá com meus botões que este era o jeito de disfarçar a cagada feita dentro do partido tucano: fala-se dos pássaros, fala-se das flores e das frutas, e desta maneira se disfarça a verdade apresentada naquele dia.
Na segunda-feira, dois dias depois, já passou, é coisa velha, recomeça o bombardeio habitual contra a Dilma.

Porém, ontem, sábado, vi o jornal nacional e a estética se repetiu, parecia mais a alegoria burlesca do Jornal Hoje.
Como não tenho experiência neste detestável programa, inferi que este deveria ser o padrão dos sábados, um jornal mais leve.
Fui dormir com esta impressão.

No fim da semana a Veja tentara sua última cartada, que já nasce desmoralizada tanto por quem faz a denúncia (a revista fascista – que rima legal), quanto pelo “fato” propriamente apresentado por ela.
São os estertores desesperados do fascismo reinante naquele semanário. Doidos pela por lançar a tal “bala de prata” em direção a Dilma, conseguiram, no máximo, lançar uma bolinha de papel contra ela. E a petista não precisará de repouso e tomografia devido a tanto.

Agora leio esta coluna e fico com uma pulga atrás da orelha. ¿Não estaria a direita carioca guardando para os últimos dias alguma calúnia qualquer que não tivesse tempo de ser respondida adequadamente?

Quem diz que deve começar do Rio, deve ter ouvido algum pássaro contando coisa qualquer.

¿Há algo de podre no reino da Dinamarca?

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