segunda-feira, 13 de setembro de 2010

A velha mídia e a representação da opinião pública – por JB Costa (blog do Nassif)

Nassif,

Penso como você: quando se avalia que a mídia, que você chama de velha, deu uma pausa no seu frenesi partidário/ideológico, eis que não mais do que de repente, ela retoma o seu viés característico. Parece até o escorpião da fábula: é prisioneira da sua natureza.

Hoje sou cético com relação a qualquer veleidade acerca dessa possível e desejável adequação aos novos tempos que ela teima em desdenhar, prisioneira que é de uma visão anacrônica da realidade social, na qual monopolizava a informação a seu bel-prazer.

Os cínicos logo arguirão: por que centrar fogo no mensageiro e esquecer a mensagem? Simples: o mensageiro não é um apenas o meio para que a mensagem chegue a seu destino. Ele próprio interfere no teor da mensagem e, nessa situação, deixa de ser o sujeito neutro.

O que quero dizer mesmo é que a velha mídia, de 2002 para cá, assomada por uma complexo de superioridade ninguém sabe bem do por quê, tomou para si papel de protagonista dos fenômenos sociais e políticos. Arvorou-se portadora de uma missão (divina?) de contrapor-se ao Poder, e. ao cabo dela, permitiu-se extrapolações que, sem exageros vão do ridículo ao patético; da ignomínia à infâmia.

Na realidade, essa espécie de mandato autoimposto de oposição não foi "combinado com os russos". Ou seja, a sociedade não outorgou a ela - velha mídia - esse papel. Mesmo porque seria autocontraditório também. O ato de fiscalizar, auditar, e a sua resultante na forma da crítica, não pode prescindir do distanciamento, que por sua vez vai permitir a neutralidade. Valeria aí também o aforismo: quem vai guardar o guarda? A quem caberia fiscalizar a mídia se esta desvirtua sua função institucional e histórica e descamba para outros desvãos?

Não por acaso os meios de comunicação dão verdadeiro chilique quando, nem que seja só por hipótese, se fala em controle social da mídia. Não se dá conta que ela mesmo contribuiu para que a sociedade exigisse um mínimo de controle para evitar os seus excessos. Ou seja, cultivou ventos em demasia.

Se nessa propostas entram contrabandeados propósitos totalitários, aí é outra história. Garrotear a mídia seria um retrocesso sem tamanho na evolução do nosso processo democrático. Nesse ponto, os imbuídos de bons propósitos devem repudiar, de pronto, eventuais iniciativas que mesmo de longe ameacem a liberdade de expressão. Sem nenhuma espécie de condescendência.

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