sábado, 27 de setembro de 2008

Manuseando escutas - por Luis Nassif

Ultimo furo da Veja em relação à Satiagraha: clique aqui.
Trechos da matéria:

“(...) Agora, descobriu-se – oficialmente – que as atividades dos agentes nem sequer passaram perto da inocente versão segundo a qual eles faziam apenas consultas a bancos de dados. Além de seguirem, vigiarem, fotografarem e filmarem pessoas supostamente envolvidas com criminosos, os espiões do governo produziram relatórios secretos com base na audição de escutas telefônicas.
(...) A prova do crime era um diálogo captado entre o presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Gilmar Mendes, e o senador Demóstenes Torres, do DEM de Goiás, repassado à revista por um servidor ligado à agência. A Abin nunca admitiu o envolvimento de seus agentes com grampos, mas as provas começam a aparecer.
A Polícia Federal tem em mãos uma lista de todos os agentes da Abin que participaram da operação. Parte deles já foi ouvida no inquérito aberto para apurar o caso. Os espiões contaram detalhes do seu trabalho, que envolveu setores da agência em Brasília, Rio de Janeiro e São Paulo. Os depoimentos são mantidos em segredo, mas dois espiões envolvidos já confirmaram ter manuseado grampos telefônicos e mensagens eletrônicas dentro das dependências da Abin. Um deles, encarregado de analisar o material, contou a VEJA que os grampos chegavam em CDs, eram transcritos e transformados em relatórios de inteligência.
(...) Em entrevista a VEJA, o presidente da Associação dos Servidores da Agência, Nery Kluwe, confirmou que, de fato, os agentes do órgão manipularam escutas telefônicas, mas que não cabia a eles questionar se elas eram legais ou não. Como a missão era oficial, subentendia-se que os grampos tinham origem em autorizações judiciais.
(...) No extremo mais promissor da investigação, a Polícia Federal ouviu, na semana passada, o depoimento do juiz Fausto de Sanctis. Ele voltou a dizer que não autorizou a realização de nenhum tipo de interceptação contra o ministro Gilmar Mendes.


Comentário
Escutas se gravam, se digitalizam. Manusear escutas? A matéria bombástica da dupla Policarpo Jr e Expedito Filho, na Veja desta semana, "denuncia" que funcionários da ABIN preparavam as transcrições dos grampos efetuados pela Polícia Federal. Batizaram a transcrição de "manusear grampos", para dar mais impacto, e anunciaram que ali estavam as provas de que a ABIN participou dos grampos.
Nenhuma informação, prova documental, indícios que confirmem o suposto grampo em Gilmar Mendes e Demóstenes Torres. A reportagem trata como se fosse verdade acabada. E não se discute mais isso.
O imenso factóide ficou reduzido a isso: agora, o extremo mais promissor da investigação é o depoimento de De Sanctis.

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